Bom texto do Pedro Romano sobre o milagre económico irlandês (O Tigre Celta, os impostos, as reformas estruturais e alguns exageros). Fica um teaser:
Se leu o post até aqui pode ficar com a impressão de que os impostos baixos e reformas estruturais não interessam. Claro que interessam, e até há quem pense que no caso de Portugal interessam muito. A questão é não há evidência nenhuma de que alguma destas válvulas permita desencadear milagres económicos. A história do Tigre Celta – tal como a história anterior dos Tigres Asiáticos – é muito mais complexa do que parece à primeira vista. Nestas coisas, infelizmente, não conhecemos balas de prata.
O “post” evidencia cuidados importantes em análises económicoas, em particular a relevância de especificidades nacionais – no caso irlandês a importância das filiais estrangeiras, os importantes fluxos de imigração e a envolvente externa, em particular o do Reino Unido.
Ao lê-lo pensei que sublinharia ainda proximidade histórica, cultural e linguística com os EUA, e por momentos regressei a 2013, quando visitei Dublin, onde Tom Flavin, professor de Finanças, e um filho do milagre de crescimento irlandês, me levou numa viagem pelo final dos anos 80, os enibriantes anos 90, e os exageros que se seguiram. O resultado foi publicado numa reportagem no Negócios – “De tigre celta a tigre de papel” (só para assinantes) – de que partilho parte de seguida. É uma boa leitura complementar à do Pedro:
“Quando digo aos meus alunos que quando trabalhei aqui [no centro financeiro de Dublin] existiam apenas quatro empresas ficam atónicos”, diz [Tom Flavin] a sorrir enquanto nos faz uma visita guiada no tempo e no espaço. Foi um salto impressionante. A Irlanda vinha de um período de crescimento moderado e experimentava um dos níveis de vida dos mais baixos da Europa. Nos anos 80, o PIB por habitante ajustado ao poder de compra era substancialmente inferior ao grego e ao espanhol e superior ao português em apenas cerca de 20% – um valor que em 2007 saltou para perto de 90%. Em 1986, aquando da adesão de Portugal à CEE, o desemprego irlandês atingia os 16,8% da população activa, quase o dobro do valor português e o segundo valor mais elevado da União Europeia.
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